quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Hoje que não é amanhã


Ontem era Flora, hoje sou eu a procura dela. Amanhã ainda não existe. Flora não tem idade porque terá todas as idades. Flora é daqui e do além, dos mistérios todos, os gozozos e os gloriosos. Flora é deusa e deusas, talvez vestida de nuvem ou coberta de folhas outonais. Flora será minha parceira de escrita, de sonhos e ilusões. Então, assim...Flora.
Frondosa jaqueira, senhora, velha forte e farta como disse o poeta. Flora devorando nossos sonhos, acolhendo nossa fronte suada e a língua sedenta. Um feminino íntegro que ao romper-se nos conduz à origem da vida, um hímen passagem, um portal que perpetua nossa existência.
Conhecem o quadro " A Origem da Vida" de Gustave Corbet? Pesquisem. Deu o que falar este ano ao ser supostamente censurado na apresentação de Jorge Coli na ABL, quando ele discorria sobre conceitos de arte, sexo e pornografia. Sua conferência denominada "O sexo não é mais o que era" estava sendo transmitida ao vivo e teve seu sinal cortado quando o professor, ao exibir o quadro, pronunciou a palavra "boceta". O que nos leva a pensar sobre que formas a capa do preconceito ao feminino hoje se esconde?
Por isto, Flora será também este estado magnífico de satisfação com o próprio sexo. Deitada, sem tensões e livre de julgamentos, exatamente como a modelo que posou para Corbet. O avesso das mulheres alteradas, loucamente depiladas, caminhando feito gado no corredor da morte da beleza. 
Bem, Flora está apresentada. Ela é ampla, geral e irrestrita. Do céu e da terra, ela é lua. E tem histórias para contar. Esta é a próxima etapa. Hoje que não é amanhã.




Nenhum comentário:

Postar um comentário